terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Educação e Jogos


 

A PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE E O TEATRO DE AUGUSTO BOAL

A partir de uma citação do próprio Boal pode ser iniciada uma aproximação entre a pedagogia de Paulo Freire e o teatro de Augusto Boal.
Para que se compreenda a Poética do Oprimido deve-se ter sempre presente seu principal objetivo: transformar o povo, “espectador”, ser passivo no fenômeno teatral, em sujeito, em ator, em transformador da ação dramática. Espero que as diferenças fiquem bem claras: Aristóteles propõe uma Poética em que os espectadores delegam poderes ao personagem para que este atue e pense em seu lugar; Brecht propõe uma Poética em que o espectador delega poderes ao personagem para que este atue em seu lugar, mas se reserva o direito de pensar por si mesmo, muitas vezes em oposição ao personagem. No primeiro caso, produz-se uma “catarse”; no segundo, uma “conscientização”. O que a Poética do Oprimido propõe é a própria ação! O espectador não delega poderes ao personagem para que atue nem para que pense em seu lugar: ao contrário, ele mesmo assume um papel protagônico, transforma a ação dramática inicialmente proposta, ensaia soluções possíveis, debate projetos modificadores: em resumo, o espectador ensaia, preparando-se para a ação real. Por isso, eu creio que o teatro não é revolucionário em si mesmo, mas certamente pode ser um excelente “ensaio” da revolução (BOAL, 2005).
 Boal propõe uma estética próxima da conscientização proposta por Freire. O espect-ator é levado a agir cenicamente e teorizar sobre esse agir. E Freire propõe uma educação que centralizada na relação que é construída entre educador e educando.
Em sua estética, Boal, defende que todos somos atores, pois agimos. E espectadores, pois observamos.
Em um espetáculo stanislavskiano, o ator sabe que é ator, mas procura ignorar conscientemente a presença dos espectadores. Em um espetáculo brechtiano, o ator tem perfeita consciência da presença dos espectadores, que são, por ele, transformados em verdadeiros interlocutores... embora mudos (mesmo aqui permanece o monólogo): só em um espetáculo de  Teatro-Fórum  o espectador adquire voz e movimento, som e cor, e pode assim exprimir desejos e idéias: para isso foi inventado o Teatro do Oprimido! (BOAL, 1996)
 O Teatro-Fórum é a própria dramatização da Pedagogia do Oprimido; um ensaio das ações propostas por essa pedagogia crítica e entusiasta. Freire e Boal propõem uma pedagogia, associando ao ensino as experiências vividas, ao trabalho, a pedagogia e a política através o uso dos seus métodos.  Ambos os autores dão ênfase nas condições de uma prática educativa. Defendem a idéia de que educar é conhecer, é ler, e interpretar o mundo, para poder transformá-lo. (PARANHOS, 2009) Boal traz para o corpo a idéia que Freire começou na palavra.
FONTES:
BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas. RJ: Civilização Brasileira, 2005.
BOAL, Augusto. O Arco-Íris do Desejo. RJ: Civilização Brasileira, 1996.
PARANHOS, Edmur. Nós do-discentes e espect-atores! RJ, 2009.
Tese de mestrado da Universidade do Brasil - UFRJ
Disponível em:
http://www.educacao.ufrj.br/ppge/dissertacoes/dissertacao_edmur_nelson_nogueira_paranhos_junior.pdf



Sistema de exercícios e jogos do Teatro do Oprimido

O sentido da palavra “exercício”, aqui, está designado para todo movimento físico, muscular, respiratório, motor, vocal que ajude aquele que o faz a melhor conhecer e reconhecer seu corpo, seus músculos, seus nervos, suas estruturas musculares, suas relações com os outros corpos, a gravidade, objetos, espaços, dimensões, volumes, distâncias, pesos, velocidade e as relações entre essas diferentes forças. Os exercícios visam a um melhor conhecimento do corpo, seus mecanismos, suas atrofias, suas hipertrofias, sua capacidade de recuperação, reestruturação, re-harmonização. O exercício é uma reflexão física sobre si mesmo. Um monólogo, uma introversão.
Os jogos, em contrapartida, tratam da expressividade dos corpos como emissores e receptores de mensagens. Os jogos são um diálogo, exigem um interlocutor, são extroversão.
Na realidade, os jogos e exercícios que aqui descrevo são antes de tudo joguexercícios, havendo muito de exercícios no jogos, e vice-versa. A diferença é, portanto, didática.
Esse arsenal foi escolhido em função dos objetivos do Teatro do Oprimido. São exercícios e jogos de teatro e podem – e, creio, devem! – ser utilizados por todos os que praticam teatro, profissionais ou amadores, do oprimido ou não! Em geral, uma parte foi adaptada às necessidades (a partir dos jogos de infância, por exemplo), e a outra inventada durante a prática do Teatro do Oprimido através de naus de quarenta anos de atividade profissional.
Os jogos saíram do princípio que envolve duas unidades, a primeira é a idéia de que o ser humano é uma unidade, um todo indivisível. Cientistas têm demonstrado que os aparelhos físico e psíquico são totalmente ligados, o trabalho de Stanislavski sobre as ações físicas vão também nesse sentido; idéias, emoções e sensações estão indissoluvelmente entrelaçadas.
A segunda unidade é a dos cinco sentidos. Eles não existem em separado, estão todos ligados entre si. As atividades corporais são atividades do corpo inteiro: respiramos com o corpo inteiro, mesmo que os pulmões e o aparelho respiratório tenham um importância prioritária no processo.
 Para melhor compreender o que cada exercício intenciona trabalhar citaremos alguns jogos teatrais dividido em cinco blocos. No primeiro, procura-se diminuir a distância entre sentir e tocar, no segundo, entre escutar e ouvir, no terceiro, tenta-se desenvolver os vários sentidos ao mesmo tempo, no quarto, tenta-se ver tudo aquilo que se olha. No quinto, trabalha-se a memória dos sentidos para despertá-la.
Lembrando que ninguém deve tentar entregar-se ou dar continuidade a nenhum exercício se porventura tiver algum impedimento físico, como um problema de coluna, por exemplo. No Teatro do Oprimido, ninguém é compelido a fazer nada que não queira. E cada um deve saber o que quer, e o que pode.


SENTIR TUDO QUE SE TOCA (PRIMEIRO BLOCO)

A morte endurece o corpo, começando pelas articulações. Chaplin, o maior dos mímicos, o palhaço, o bailarino, já não podia dobrar os joelhos no fim da sua vida.
Assim, são bons todos os exercícios que dividem o corpo nas suas partes, seus músculos, e todos aqueles me que se ganha controle cerebral sobre cada músculo e cada parte, tarso, metatarso e dedos, cabeça, tórax, pelve, pernas, braços, face esquerda e direita etc.
É importante que os atores não comecem por exercícios violentos ou difíceis. Aconselho mesmo que, antes de iniciar uma sessão, os atores façam o espreguiçar em pé, que é isso mesmo: devem fazer os movimentos naturais de se espreguiçar na cama ao acordar, só que em pé.


EXERCÍCIO GERAL

Hipnotismo Colombiano
         Um ator põe a mão a poucos centímetros do rosto de outro; este, como          hipnotizado, deve manter o rosto sempre à mesma distância da mão do hipnotizador, os dedos e os cabelos, o queixo e o pulso. O líder inicia uma série de movimentos com as mãos, retos circulares, para cima e para baixo, para os lados, fazendo com que o companheiro execute com o corpo todas as estruturas musculares possíveis, a fim de se equilibrar e manter a mesma distância entre o rosto e a mão. A mão hipnotizadora pode mudar, para fazer, por exemplo, com que o ator hipnotizado seja forçado a passar por entre as pernas do hipnotizador. As mãos do hipnotizador não devem jamais fazer movimentos muito rápidos, que não possam ser seguidos. O hipnotizador deve ajudar seu parceiro a assumir tidas as posições ridículas, grotescas, não usuais: são precisamente estas que ajudam o ator a ativar estruturas musculares pouco usadas e a melhor sentir as mais usuais. O ator vai utilizar certo músculos esquecidos do seu corpo. Depois de uns minutos, trocam-se o hipnotizador e o hipnotizado. Alguns minutos mais, os dois atores se hipnotizam um ao outro: ambos estendem sua mão direita, e ambos obedecem à mão um do outro.

Variante
       Hipnose com as duas mãos. Mesmo exercício. Desta vez, o ator dirige dois de seus companheiros, um com cada mão. O líder não deve parar o movimento nem de uma mão nem de outra. Esse exercício é para ele também. Pode cruzar suas mãos, obrigar um parceiro a passar por debaixo do outro (sem se tocarem). Cada corpo deve procurar seu próprio equilíbrio, sem se apoiar sobre o outro. O líder não pode fazer movimentos muito violento; ele não é um inimigo, mas um aliado, mesmo se está tentando sempre desequilibrar seus parceiros. Depois, troca-se de líder, de maneira que os três atores possam experimentar ser o hipnotizador. Após uns minutos, os três atores em triângulo, hipnotizam-se uns aos outros, estendendo, à sua direita, sua mão direita  obedecendo à mão direita do outro, que lhe vem pela esquerda.

Variante
         Hipnotismo com as mãos e com os pés. Como os precedentes, mas com quatros atores, um para cada pé e cada mão do líder. Este pode fazer qualquer movimento, inclusive dançar, cruzar os braços, dar voltas com o corpo pelo chão, saltar etc., mas sempre em câmera lenta. Os atores que seguem os pés devem seguir somente o dedão.

Variante
         Com qualquer parte do corpo. Nesta variante, um ator vai ao centro e começa a mexer com todo o seu corpo, olhando sempre numa só direção; os outros fazem um círculo ao redor dele. Um primeiro voluntário se aproxima e se deixa hipnotizar por uma parte do corpo do líder (o ator no centro); em seguida, deve seguir todos os movimentos dessa parte do corpo, orelha, nariz, costa, nádegas, não importa qual. Um segundo ator se aproxima e faz o mesmo, podendo escolher qualquer parte do corpo de um ou de outro que já estejam na cena. O terceiro ator escolhe uma parte do corpo daqueles que estão no meio, até que todos os atores se deixem hipnotizar pelos corpos dos outros. Nesse momento, o primeiro ator pode dar uma ou mais voltas com seu corpo, lentamente, porque seus movimentos ficarão bastante magnificados quando repetidos pelo grupo, por causa da sua distância em relação ao centro do círculo. Em seguida, se o espaço for suficientemente grande, pode-se mandar que todos se afastem, ou se aproximem, da parte do corpo que os está hipnotizado.
  

AS CAMINHADAS

         Entre todas as nossas mecanizações, a maneira de andar é, talvez, a mais freqüente. É verdade que temos nossa maneira individual de andar, muito particular em cada um de nós, sempre igual, quer dizer, mecanizada. Mas também é verdade que adaptamos nossa maneira de andar ao lugar onde estamos caminhando. O metrô de Paris, por exemplo, com seus longos corredores, faz com que aceleremos nossos passos. Certas ruas ao contrário, nos fazem andar bem devagar.
         Mudar nossa maneira de andar nos faz ativar  certas estruturas musculares pouco utilizadas e nos torna mais conscientes do nosso próprio corpo e de suas potencialidades.

Corrida em câmera lenta
         Ganha o último a chegar, Uma vez iniciada a corrida, os atores não poderão interromper seus movimentos, que deverão ser executados os mais lentamente possível. Cada corredor deverá alongar as pernas ao máximo  a cada passo. O pé para passar adiante da outra perna deve passar sempre acima da altura do joelho. É preciso que o ator, ao avançar, estique bem o seu corpo, porque com esse movimentos o pé vai romper o equilíbrio e, a cada centímetro que caminhar, uma nova estrutura muscular vai se organizar, instintivamente, ativando certos músculos adormecidos. Quando o pé bater no chão, deve-se ouvir o barulho. Imediatamente o outro pé se levantará. Esse exercício, que demanda um grande equilíbrio, estimula todos os músculos do corpo. Outra regra: os dois pés jamais poderão estar ao mesmo tempo no chão. Desde que o pé direito esteja pousado, o pé esquerdo deve subir, e vice-versa. Sempre um só pé no chão

“Como quiserdes”
         Tentando modificar a forma habitual de andar, inclusive o ritmo, e variando diversas vezes durante o exercício.

MASSAGENS

O termo “massagem” não é o mais adequado para designar esta série de exercícios. A melhor descrição seria: um diálogo persuasivo entre os dedos de um parceiro e o corpo de outro. Este diálogo deve ser feito sem violência nem tampouco cócegas; nem agressão, nem carinho. Procuramos, acima de tudo, localizar as tensões musculares. É um diálogo, uma tentativa de acalmar, de relaxar os endurecimentos, as rijezas musculares através de movimentos repetitivos, circulares e em forma de cruz, com ponta dos dedos ou com a mão.

Tapete rolante
Todos deitados no chão, cabeças no mesmo sentido. A primeira pessoa da fila começa a rolar sobre os corpos dos camaradas até chegar do outro lado. Tão logo ela parta, a segunda pessoa a segue, depois a terceira, e assim por diante.

O demônio
Uma boa maneira de liberar as tensões. O ator salta de um pé para o outros, fazendo, com os braços, movimentos parecidos com aqueles que fazemos para secar água do corpo, ou para se exorcizar o demônio (nos países que eles existem, bem entendido...).


JOGOS DE INTEGRAÇÃO

Sentando-se nas pernas dos outros
         Um ator senta-se numa cadeira, as pernas bem fechadas. Agarra a cintura de outro ator, que se senta sobre seus joelhos e segura, igualmente, a cintura de um terceiro,e assim por diante até que todos estejam sentados uns sobre os joelhos dos outros, e o último sobre a cadeira. Começam a dizer juntos “esquerda, direita” e a mexer o pé esquerdo, com ritmo. Tira-se a cadeira e ninguém cai. Porque estão todos sentados e agarrados uns nos outros. O primeiro da fila deve tentar se encaixar com o último – formando, assim, um círculo de pessoas sentados, todas em movimento. Neste momento, poderão soltar a cintura dos outros porque não terão mais necessidade de se agarrar – todos estarão confortavelmente sentados e equilibrados.

Batatinha frita, um, dois, três
(em Francês, un, deux, trois, soleil!)
       Jogo muito conhecido também. Uma pessoa de frente para a parede sem olhar para os outros. Estes, que estão a uma certa distância, se aproximam. A pessoa que está na parede canta “batatinha frita, um, dois, três!”, lento ou rápido, e em seguida, vira-se na direção daqueles que se aproximam. Nesse momento, todos devem congelar, e aquele que for surpreendido andando deve retornar ao ponto de partida. Aquele que tocar a pessoa que está na parede ganha o jogo. (Faz parte dos jogos de salão, mas serve para unificar o grupo...).


ESCUTAR TUDO QUE SE OUVE E TRABALHANDO OUTROS SENTIDOS (SEGUNDO E TERCEIRO BLOCO)

Exercícios e jogos de ritmo

Unificar o ritmo dentro do círculo
         Todos os atores iniciam juntos um ritmo, com a voz, as mãos e as pernas, após alguns minutos, mudam lentamente, até que um ritmo novo se impõe, e assim sucessivamente, durante vários minutos.

Variante
       Cada ator faz um ritmo isoladamente até que todos se unifiquem num único ritmo.

Variante
       A um sinal dado, todos os atores começam a fazer um ritmo próprio e também um movimento que o acompanha. Depois de alguns minutos, tentam se aproximar uns dos outros, segundo as afinidades rítmicas. Os atores com maiores afinidades vão homogeneizando os seus ritmos até que todo o elenco esteja praticando o mesmo ritmo e o mesmo movimento. Isso pode não acontecer, mas não importa, desde que os grupos formados tenham seus ritmos e movimentos bem definidos.

Variante
       Forma-se um círculo em que um pessoa inicia um ritmo e todos o seguem; o diretor dá um sinal, o círculo se rompe, e cada participante procura transformar aquele ritmo em outro que lhe seja individualmente mais agradável. O Diretor dá outro sinal e todos voltam ao círculo, mas agora cada um com seu próprio som e seu próprio movimento: observam-se e tentam unificar todos os ritmos em um só. Quando isso acontece, o diretor dá outro sinal; rompe-se o círculo, todos se afastam, individualizam seus ritmos, retornam ao círculo e reunificam-nos.

Fila de cinco atores
       Filas de cinco atores. A primeira pessoa da fila faz um som e um gesto rítmicos, e os outros a imitam. A primeira pessoa vai para o fim da fila, e a que estava em segundo lugar passa para o primeiro, devendo adiciona um som e um festo rítmicos aos que já estão sendo feitos, e assim por diante, até que todos tenham dado sua contribuição, tornando a sua execução cada vez mais complexa.

Quanto “as” existem em um “a”?
         Em círculo. Um ator vai até o centro e exprime um sentimento, sensação, emoção ou idéia, usando somente um dos muitos sons da letras “a”, com todas as inflexões, movimentos ou gestos com que for capaz de se expressar. Todos os outros atores, no círculo, repetirão o som e a ação duas vezes, tentando sentir também aquela emoção, sensação, sentimento ou idéia que originou o movimento e o som. Outro ator vai para o centro do círculo e expressa outros sentimentos, sensações, idéias ou emoções, seguindo novamente pelo grupo, duas vezes. Quando muitos já tiverem criado os seus próprios “as”, o diretor passa às outras vogais (e, i, o, u), depois passa a palavras habitualmente usadas no dia-a-dia, depois a “sim” querendo dizer “sim”, a “sim” querendo dizer “não”, a “não” querendo dizer “não”, e a “não” querendo dizer “sim”, e finalmente pede que utilizem frases inteiras, também das vidas cotidianas, sempre tentando expressar, com as mesmas frases, idéias, emoções, sensações e sentimentos diferentes.


MELODIA

Orquestra
         Um pequeno grupo de atores monta uma orquestra, de preferência com objetos improvisados como instrumentos, enquanto os outros inventam um dança correspondente. A música deve ser melódica e mudar com freqüência: os atores devem permitir que seus corpos sejam invadidos por essa música sem premeditar nenhum movimento, deixar-se levar pela música, naturalmente.


SOM

Som e movimento
         Um grupo de atores emite com a voz um determinado som (que pode ser de animais, folhagem, rua, fábrica), enquanto outro grupo faz movimentos com ele relacionados, como se fossem a sua visualização, isto é, se o som é “miau”, a imagem não será necessariamente um gato, mas sim a visualização que o ator tem desse som especial. A uma floresta de sons corresponderá uma floresta de imagens. A uma seqüência ritual de sons, uma seqüência ritual de imagens.


O RITMO DA RESPIRAÇÃO

Deitado de costas, completamente relaxado
         O ator põe as mãos sobre o abdômem, expele todo o ar dos pulmões e lentamente inspira, enchendo o abdômen até não poder mais; expirar em seguida, repete lentamente esses movimentos diversas vezes. Faz o mesmo com as mãos sobre as costelas, enchendo o peito, especialmente a parte de baixo, diversas vezes. Idem, com as mãos sobre os ombros para cima, tentando encher a parte superior dos pulmões. Finalmente, faz as três respirações em seqüência, sempre pela ordem anterior.


EXERCÍCIOS CEGO

       Em exercícios que se trabalham com um cego e um guia, convém que os dois trabalhem o exercício uma segunda vez, alternando os papéis.

A viagem imaginária
       Em duplas. O cego deve ser conduzido pelo seu guia através de uma série de obstáculos reais ou imaginários, como se os dois estivessem em uma floresta, em um supermercado, na Lua, no deserto do Saara ou outro cenário real ou imaginário que o guia tenha em mente. Como em todos os exercícios desta natureza, falar é proibido; toda informação deve ser passada através do contato físico e dos sons. Sempre que possível, o guia deve fazer os mesmos movimentos do cego, ao imaginar sua própria história.

Fila de cegos
       Duas filas, face a face. Os atores de uma das filas devem fechar os olhos e, com as mãos, examinar o rosto e as mãos dos atores à sua frente, na outra fila. Estes, em seguida, se dispersarão na sala, e os cegos deverão encontrar a pessoa que estava à sua frente, tocando mãos e faces.


VER TUDO QUE SE OLHA (QUARTO BLOCO)
         Os exercícios desenvolvem a capacidade de observação pelo diálogo visual entre duas ou mais pessoas. Evidentemente, o uso simultâneo da linguagem verbal será proibido. Devem-se evitar igualmente os gestos simbólicos óbvios (OK, sim, não, etc.), pois correspondem exatamente às palavras que substituem.

O espelho simples
       Duas filas de participantes, cada um olhando fixamente para a pessoa que está em frente, olho no olho. As pessoas da fila A são designadas como sujeitos, e as da fila B como imagens. O exercício começa e cada sujeito inicia uma série de movimento e de expressões fisionômicas, em câmera lenta, que devem ser reproduzidos nos mínimos detalhes pela imagem que tem em frente.

Sujeito e imagem trocam os papéis
       Depois de alguns minutos, o diretor anuncia que as duas filas mudarão de função. Em seguida, dá o sinal para que mudem. Precisamente nesse instante, os participantes sujeitos transformam-se em imagens, e estas naqueles. Isso deve ser feito sem quebra de continuidade e com precisão. Quando se atinge a perfeição, o próprio movimento que estava sendo realizado no instante da troca deve continuar e seguir um rumo coerente, sem quebra, sem ruptura. Também aqui, o observador exterior não deve ser capaz de perceber que houve uma troca; isso, na verdade, ocorre sempre que a perfeição da reprodução e a sincronização gestual são totais.


MODELAGEM

O escultor toca o modelo
         Duas filas, cada pessoa diante de outra. Uma das filas é de escultores, e a outra de estátuas. Começa o exercício e cada escultor trabalha com a estátua que deseja. Para isso, toca o corpo da estátua, cuidando de produzir os efeitos que deseja nos seus mínimos detalhes. Os escultores não podem usar a linguagem do espelho, isto é, não podem mostrar no próprio corpo a imagem ou a figura que gostariam de ver reproduzida – aqui não intervém o mimetismo, a reprodução – pois esse não é o diálogo do espelho, mas da modelagem. Portanto, é necessário tocar , modelar, e a cada festo do escultor corresponderá um gesto em conseqüência, a cada causa um efeito que não é idêntico. No diálogo dos espelhos, as duas pessoas estai sempre, sincronicamente, fazendo o mesmo gesto; no diálogo da modelagem, ainda que sincronicamente, estarão fazendo gestos complementares.


JOGOS DE IMAGEM

Jogo de bolas
         Futebol, basquetebol, voleibol, etc. Dois times jogarão uma partida sem usar nenhuma bola, mas agindo como se tivessem uma. O diretor – juiz da partida – deve observar se o movimento imaginário da bola coincide com os movimentos dos atores, corrigindo-os se for necessário. Pode-se utilizar qualquer tipo de esporte coletivo para este tipo de exercício – pingue-pongue, tênis etc.

Luta de boxe
         Duas pessoas em pé, com alguns metros de distância uma da outra, devem reagir imediatamente aos golpes dados pelo parceiro. O exercício será melhor se uma pessoa bater primeiro, várias vezes, enquanto a outra assimila os golpes; depois, elas trocarão os papéis – é difícil levar os golpes e reagir a eles ao mesmo tempo.

Variante (amante)
         O mesmo que o anterior, exceto que as pessoas fazem carinhos mútuos ao invés de se atacarem. O casal deve reagir imediatamente a cada carinho distante.

Observação
         Um ator fixa os seus companheiros durante alguns minutos; depois, de costas ou com olhos tapados, procura descrevê-los com o maior número possível de pormenores: cores, roupas, formas características especiais etc.


RELACIONANDO MEMÓRIA, EMOÇÃO E IMAGINAÇÃO (QUINTO BLOCO)

Ensaio da imaginação em cena
         Tudo que veio em um episódio imaginado deve ser imediatamente representado em cena. Os outros ajudam o protagonista; o protagonista tenta realizar fisicamente tudo que está passando pela sua imaginação. Tentam-se usar as mesmas palavras e os mesmo objetos imaginados pelo protagonista.
         Esses são alguns dos jogos e “joguexercícios” que o Teatro do Oprimido utiliza para preparação do ator e do não-ator. Eles podem ser usados na criação de personagens e espetáculos ou no trabalho com comunidades.

Fonte biliográfica: AUGUSTO BOAL, Jogos Para Atores e Não-Atores, 13ª, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2009.

Centro do Teatro do Oprimido


         Em 1971, Augusto Boal é exilado e após percorrer a América Latina e Europa se instala na França onde funda o CTO-Paris. Em 1986, Darcy Ribeiro então secretário de educação do Rio de Janeiro, com a intenção de implantar a Fábrica de Teatro Popular (projeto de Boal) convida Augusto Boal a retornar ao Rio. Do grupo que formava a Fábrica de Teatro Popular surgiu então o Centro do Teatro do Oprimido, com direção artística de Boal.
O Centro do Teatro do Oprimido é uma instituição de pesquisa e difusão das técnicas utilizadas dentro da Estética do Oprimido. O CTO (Centro do Teatro do Oprimido) realiza laboratórios e seminários com o intuito de revisar, experimentar, analisar e sistematizar exercícios, jogos e técnicas referentes ao Teatro do Oprimido.

“                                                          MISSÃO
Promover o fortalecimento da cidadania e a justiça social através do Teatro do Oprimido, como meio democrático na transformação da sociedade.
VISÃO
Atuamos para que as camadas oprimidas e marginalizadas da sociedade se afirmem como produtoras de sua própria arte e protagonistas de suas vidas.
VALORES
Vida + Ética + Solidariedade + Estética + Diálogo

VIDA: Somos amantes da vida e valorizamos todas as suas formas, buscando o equilíbrio das ações humanas com a natureza. Esse amor nos impulsiona a desenvolver nosso trabalho, lutando pelo respeito as diversidades.
ÉTICA: Prendemos e ensinamos que nenhuma busca é justa e honesta se não for realizada com ética. É nela que baseamos nossa forma de trabalho.
SOLIDARIEDADE: Temos um compromisso e obrigação ética com os oprimidos. A solidariedade é a força do método. Quando nos associamos a uma causa, estamos apoiando e sendo co-responsáveis por ela.
ESTÉTICA: A capacidade humana de inventar, imaginar e transformar através da arte é infinita, ajudando o ser humano a se redescobrir e ganhar força para lutar.
DIÁLOGO: Acreditamos no diálogo como meio na busca da paz. Queremos um mundo pacífico, mas jamais passivo.”

         Estas são missão, visão e valores do CTO de acordo com o site oficial da instituição, que mostra claramente quais as intenções do Teatro do Oprimido e o compromisso de defender a vida e a liberdade sem jamais recorrer à violência.


EQUIPE DO CTO
Coordenação
Helen Sarapeck

Curingas e Elenco
Geo Britto
Olivar Bendelak
Claudete Felix
Flávio Sanctum
Cláudia Simone

Curinga Internacional
Bárbara Santos
Curingas Regionais
Cláudio Rocha
Kelly di Bertolli
Yara Toscano

Curingas Assistentes
Monique Rodrigues
Alessandro Conceição
Janna Salamandra

Consultoria de Imagem
Cachalotte Matos

Administração Financeira
Graça Silva

Assessoria de Comunicação
Ney Motta

Assessoria Jurídica
Victor Gabriel


         Curinga é como é chamado o mediador das práticas do Teatro do Oprimido, ou como diz Boal no livro Jogos Para Atores e Não-atores quando fala sobre o Teatro-Fórum “Curinga é o nome que damos ao meste-de-cerimônias do espetáculo-fórum”. Já de acordo com o site oficial do CTO “Curinga é a terminologia criada por Augusto Boal para definir a função de facilitador e especialista em Teatro do Oprimido”. O curinga pode ser definido também como multiplicador do TO. Dentro das práticas, o curinga é aquele que enuncia as regras do jogo, e faz pequenas intervenções que norteiam os praticantes para alcançarem o objetivo e não se desviem do foco.

 
Conduta do Curinga
O curinga deve evitar todo tipo de manipulação ou indução do espectador. Não deve tirar conclusões que não sejam evidentes, deve sempre questionar as próprias conclusões e enunciá-las em forma de perguntas para que os participantes não apenas recebam esta informação, mas que cheguem a esta conclusão da mesma forma que o curinga o fez.
         O curinga não decide nada por conta própria. Enuncia as regras do jogo e deve aceitar até mesmo que os participantes mudem essas regras se julgarem necessário.
         O curinga deve constantemente reenviar suas dúvidas à platéia para que esta decida aquilo que vale ou não, aquilo que é certo ou errado dentro do jogo, especialmente no que diz respeito às intervenções dos espectadores.
         O curinga deve estar atento as soluções que são produto de fantasia, isto é, não ocorrem na vida cotidiana. Mas não se esquecendo de questionar a platéia para que esta sim decida se a ação é correta ou não.
         A postura física do curinga também é importante. Este deve ser dinâmico na sua postura e nas suas intervenções para que transmita aos outros participantes este dinamismo. 

Site oficial do CTO-RIO
http://ctorio.org.br/novosite

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ÁRVORE DO OPRIMIDO E SEUS GALHOS



A árvore é símbolo do Teatro do Oprimido, por ter o poder de multiplicar e dar frutos. A árvore mostra toda a estrutura pedagógica do teatro, desde as raízes fortes baseadas das ética e na solidariedade. A árvore deve ser plantada em um solo fértil, para que ela cresça saudável e dê bons frutos, baseados em todas os ideais de Augusto Boal.


TEATRO JORNAL
O Teatro Jornal consiste em vários objetivos. Um dos principais objetivos é mostrar para a sociedade a realidade do jornalismo, outro objetivo é tornar o teatro mais popular, e um terceiro objetivo é mostrar que qualquer pessoa pode se tornar um ator. Na época da ditadura militar o teatro jornal foi bastante utilizado, pois era uma forma de mostrar a população o que estava acontecendo, era transparecido o que estava escrito nas entrelinhas das notícias.


 
TEATRO INVISÍVEL
O Teatro do Invisível baseia-se na encenação de algo que os atores gostariam de encenar da vida real, e que por motivos de opressões, autoritarismos, essas encenação são reprimidas e julgadas. Os atores vão para a rua, ou algum lugar aonde possam fazer sua cena para espectadores que não sabem que são espectadores, mas estão participando ativamente da cena. Nesse lugar eles transformam a cena em algo real, observando a reação do seu público e como ele se comporta diante do que está acontecendo. Segundo Boal, "A ficção penetra na realidade". Pelo fato de que nenhum espectador naquele momento, sabe que ali por trás houve algo de ficção.

TEATRO IMAGEM
É fazer teatro sem sua forma verbal. Essa técnica faz com que as pessoas transformem seus sentimentos, sensações em imagens concretas, para que a partir da imagem feita ela entenda e esclareça para si mesmo, algo que era subjetivo e muitas vezes até mesmo abstrato. O teatro-imagem faz com que o espectador ou o opressor vivencie aquilo que está dentro de si de forma confusa.




 
TEATRO FÓRUM
O teatro-fórum se baseia em uma mudança tradicional na relação entre a platéia e os atores, fazendo com que entre eles haja diálogo e interação. Essa interação acontece a partir de uma relação entre o oprimido e o opressor, onde o oprimido primeiramente é o protagonista, até que algum espectador se torne o opressor, assim, tomando o lugar de espectador e fazendo com que haja buscas e alternativas para que a situação seja bem solucionada.


Boal diz que o nome fórum foi dado porque em muitos países da America Latina ao final dos espetáculos há discussões sobre o que aconteceu e a peça em si, como uma espécie de debate. Boal diz que, "E neste novo gênero o debate não vem no fim: o foro é o espetáculo." Pois para ele o Teatro-Fórum é exatamente a discussão a relação que acontece inicialmente com os atores, mas também depois de forma direta com a relação com os espectadores dentro do próprio espetáculo, fazendo com que haja discussão e a prática da mesma.
Depois de uma sessão de teatro-fórum é importante que o espectador não volte para junto da platéia, ele deve se perceber, entender aquilo que ele fez, da mesma maneira que os outros espectadores os viram. Subir na palco é simplesmente fazer não é o bastante, ele precisar saber, sentir aquilo que ele está sendo e aquilo que ele é, no momento em que está em cena.
 
O ARCO-ÍRIS DO DESEJO
O Arco-Íris do Desejo é um método criado por Augusto Boal dentro do Teatro do Oprimido, e conhecido como, “Método Boal de Teatro e Terapia", onde há a junção de técnicas terapêuticas e teatrais, normalmente em clínicas de recuperação, com pessoas que sofreram opressões, através da subjetividade de ideia e atitudes cotidianas que acabam provocando alguns transtornos.
Segundo Boal, "O teatro nasce quando o ser humano descobre que pode observar-se a si mesmo: ver-se em ação. Descobre que pode ver-se no ato de ver-- ver-se em situação." Por isso, que o teatro junto a terapia é de grande ajuda e mostra novas possibilidades aos opressores, fazendo com que eles se descubram, se enxerguem e de certa forma aprendam a viver. O autoconhecimento faz com que consigamos agir, fazer, pensar, sentir, nos tornando pessoas mais dignas.
                      
Boal diz que, "O Teatro do Oprimido desenvolve-se em três vertentes principais: educativa, social e terapêutica." A partir desse trecho, temos  a certeza de que o Arco-Íris do Desejo, se devolve dentro de tudo isso, ele está nas três vertentes.
No Arco-Íris do Desejo, o paciente é o próprio ator, aonde ele reproduz seus pensamentos, sensações e sentimentos, vivendo aquilo a partir do teatro e se deliberando de seus medos ou daquilo que o incomoda, ou fazendo com que se torne concretos desejos e vontades guardadas para si.

 
TEATRO LEGISLATIVO
O Teatro Legislativo surgiu a partir de um movimento popular, durante a cassação do primeiro presidente eleito após a ditadura militar. “O Teatro Legislativo é um novo sistema, uma forma mais complexa, pois inclui todas as formas anteriores do Teatro do Oprimido e mais algumas, especificamente parlamentares. Espero que esta experiência sirva, além do nosso mandato, além do nosso partido, além da nossa cidade, muito além. Espero que seja útil” Augusto Boal – Livro Teatro Legislativo – pg. 9. Toda essa forma de fazer teatro começou quando Augusto Boal foi convencido por seus colegas de trabalho a se candidatar a Vereador da cidade naquele ano. Após campanhas políticas e teatrais ele foi eleito, e assim surgiu o TEATRO LEGISLATIVO.
O Teatro Legislativo está muito ligado ao Teatro-fórum, pois no Teatro Legislativo é exercida a política expressa no Teatro Fórum. De acordo com Olivar Bendelack, Curinga do CTO, "Fazer política mesmo por pessoas que declaram que “não querem saber de política”". O Teatro Legislativo faz com que as pessoas percebam que fazer política é ser humano, que nós somos política, inclusive não querer fazer política já é uma forma de política, pois isso está relacionado a toda a sociedade. A partir do Teatro Legislativo foram surgindo propostas de lei, que foram para projetos de leis, e algumas sendo aceitas.
O Teatro Legislativo nos faz sermos cidadãos, exercendo nossos direitos e deveres, em busca dos problemas que estão acerca da sociedade.
"Cidadão não é aquele que vive em sociedade - é aquele que a transforma!” Boal.

O TEATRO DO OPRIMIDO



  "Em si, o Teatro do Oprimido é um teatro sem dogmas e realizado por meio de um conjunto de exercícios que ensinam o ser humano a utilizar uma ferramenta que ele já possui e não sabe. O homem traz esta característica teatral dentro de si. O que este tipo de teatro faz é liberar esta capacidade e ensinar à pessoa como dominá-la." AUGUSTO  BOAL



O teatro do oprimido é uma técnica teatral criada por Augusto Boal em 1970, que também pode ser chamado de Teatro do Diálogo, onde são encenadas situações cotidianas entre oprimidos e opressores, fazendo em cena, uma relação entre os atores e o espectador.
As técnicas do teatro do oprimido que foram desenvolvidas na América Latina, já foi aplicada na Europa, isso aconteceu porque todas essas formas teatrais foram usadas como resposta a repressão que existia naquele continente. Era uma época onde existia a ditadura militar, as pessoas eram exiladas e fuziladas nas ruas, os artistas eram oprimidos e não tinham liberdade de expressão. Foi assim que nasceu o Teatro do Oprimido.

Segundo Augusto Boal: “Deixemos que os oprimidos se expressem porque só eles podem nos mostrar onde está a opressão. Deixemos que eles próprios descubram os seus caminhos para a sua liberação, que eles próprios ensaiem os atos que os hão de levar a liberdade.” Onde existe opressor e oprimido, existe a necessidade de um teatro do oprimido.                

É certo que as opressões serão diferentes dependendo do lugar, consequentemente o combate a ela também. Se não existe tanta opressão, a luta contra ela será menor, utilizando-se sempre as técnicas do teatro do oprimido. O fato é que se há opressão, essa deverá ter um fim.
No teatro do oprimido existem dois princípios fundamentais: a mudança ou transformação do espectador e a preparação do modelo de ação para o que ainda vai acontecer.
O teatro do oprimido incentiva o espectador em transformar a realidade. Se o espectador é capaz de durante o teatro encontrar seu ato de liberdade, ele estará se preparando para depois realizar o mesmo em sua vida cotidiana.
“Todo mundo pode fazer teatro – até mesmo os atores! O teatro pode ser feito em todos os lugares – até mesmo dentro dos teatros!” Augusto Boal.


Só existirá uma utilidade no teatro do oprimido se suas técnicas forem praticadas em grande freqüência, e para que sejam praticadas é necessário que consigamos compreender que em todos os seres humanos existe uma atividade artística natural. Na infância, as crianças não podem ser oprimidas de suas veias artísticas, pois todas as pessoas têm a capacidade de fazer o mesmo.
Nesse tipo de teatro deve haver temas concretos. Temas genéricos ou abstratos não funcionam, e é o tema que faz com que os espectadores inspirem seus lados criativos, pois existe a certeza de que há um problema e que ele deve ser resolvido imediatamente.
O Teatro do Oprimido não retrata o passado, mas sim previne do que efetivamente irá acontecer no futuro. Não é suficiente que os espectadores saibam que algo deve mudar, é necessário que eles mudem. As técnicas do teatro do oprimido são de imensa importância nessa tarefa.