segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O Coringa do Teatro Brasileiro, Augusto Boal (1931-2009)




Teatro Arena:
         Boal vinculou-se inicialmente ao Teatro Arena, momento importante da história do teatro brasileiro, pois foi um período de maturidade para a nossa literatura dramática. Consagrado pelo curso de dramaturgia, em São Paulo – 1956, que marca o inicio de uma nova fase do teatro. Boal levanta uma necessidade que autor teatral precisa participar dos problemas sociais, opinando, denunciando ou discutindo.


“A nossa platéia não está estratificada – diria Boal- amplia-se, ao contrário, cada vez mais, conquistando novos espectadores de diferentes origens. Como se trata de um público em formação, em movimento, também deve ter essa característica a nossa dramaturgia.”



Um momento que marca o teatro arena é a peça Arena conta Zumbi, na direção de Augusto Boal, é caracterizada por ser referencia de uma peça musical e política no Brasil. É preciso entender que o Brasil estava atravessando uma fase complicada dentro de sua evolução política, oferecendo com isso uma larga margem para discussão.

"A única coisa que a gente poderia fazer era sobre a história brasileira, porque aí ninguém cobraria, não proibiriam logo de cara. Chegamos à conclusão de que Zumbi seria realmente fantástico. Foi o início de um intercâmbio muito grande entre nós e os diversos setores das artes, desde instrumentistas, compositores, atores, jornalistas, enfim, eram todos".

Gianfrancesco Guarnieri em entrevista à Folha de São Paulo em 2005, relembrou a origem da peça Arena conta Zumbi.







Após esse contato forte e desenvolvimento de diversas metodologias no teatro Arena, Boal tem um envolvimento político muito forte e é preso (1971). Em seguida é exilado por 15 anos. (Moderno Teatro Brasileiro – Gustavo A. Doria)
Fazendo um rápido paralelo, vários artistas brasileiros sofreram com essa ditadura nesse momento da história brasileira, assim como Boal, Zé Celso também decide se exilar. Um nome que continua no Brasil e tenta “manobrar” a situação é Antunes Filho que desenvolve um trabalho com ator/atriz, com uma metodologia resistente. É até considerado uma formação enciclopédica, ou seja, o ator precisa, para Antunes, ter um conhecimento completo. Já para Zé Celso e para Boal eles se permitem desenvolver um trabalho com atores e não atores.
Boal em especial desenvolve jogos metodológicos para atores e não atores. O ator para ele é como uma panela de pressão. “Explicar o ser - humana é tarefa hercúlea, gigantesca; explicar o ator é quase impossível.
Ele define essa panela de pressão como sendo o inconsciente onde fervem todos os demônios e santos, vícios e virtudes. E manifestar todas essas potências é impossível já que somos tão ricos, violentos, audacioso e sagaz, somos uma dicotomia ambulante que tenta entrar em equilíbrio.
Essa profissão de ator é muito perigosa, e deveria se valorizada como qualquer outra profissão de risco. O ator ele precisa descobrir o que é humano. Mergulhar em suas insanidades em busca de um personagem doente. (Fonte: O Arco íris do desejo – Método Boal de Teatro e Terapia).

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